🕰️💤 O Relógio que Cochila
No alto da estante, bem lá no cantinho,
Vivendo há cem anos num velho baldinho,
Havia um relógio, de ponteiro dourado,
Que marcava o tempo… mas já bem cansado.
Tic-tac… tic…
Tac…
Um bocejo, um estalo — CLAC!
Ele abriu bem os olhos, depois piscou,
Deu um longo suspiro… e então cochilou.
E quando o relógio dormiu sem alarde,
O tempo parou, ficou todo à tarde!
O Sol bocejou lá no céu cor-de-mel,
Deitou numa nuvem, virou carrossel.
As horas, confusas, dançaram no ar,
Algumas sentaram, sem querer trabalhar!
O vento parou de assobiar na janela,
E a brisa se enroscou numa fita amarela.
O ponteiro das cinco tentou se mexer,
Mas deu um espirro e foi se esconder.
Lá fora, os passarinhos deixaram de cantar,
E os galhos dormiam sem se balançar.
Até o cuco do relógio de parede
Sussurrou baixinho: — “Hora de rede!”
Os brinquedos da sala bocejaram também,
Guardaram-se aos poucos, um por um, muito bem.
E o tapete felpudo, cansado de rodar,
Esticou-se inteiro, pronto pra deitar.
E no quartinho, com olhos sonolentos,
A criança sentia os primeiros momentos…
Do sono macio, que vem devagar,
Com cheirinho de colo e jeito de ninar.
O relógio sonhava com tempos antigos,
Com risos, com festas, com tantos amigos…
E a cada suspiro de mola e botão,
Mandava no ar um abraço de algodão.
Tic…
Tac…
Mais um cochilo…
Tic… tac…
O tempo dormia, o mundo também…
E quem escutava, fechava os olhos, amém.