🌙 A Lua que Balança

No alto do céu de veludo prateado,
uma Lua brilhava, com ar encantado.
Era meio redonda, meio travessa,
com olhos fechados, mas nunca tropeça.

Ela não era Lua de ficar parada
balançava no céu como rede bordada.
De um lado pro outro, num vai e vem,
cantando canções que só o vento tem.

Bem lá na Terra, no quarto da Lia,
a menina sorria, mas não dormia.
Tinha mil pensamentos a se espalhar,
e o sono? Tímido, sem querer chegar.

— Lua bonita, por que balança?
— Para embalar o sono da esperança.
Desço devagar, de passo lunar,
pra levar quem sonha a passear.

Então a janela se abriu sozinha,
e um fio de luz alcançou a menina.
Lia bocejou, abraçou o travesseiro,
e num piscar de olhos, voava ligeiro.

Subiu pelas nuvens, subiu sem demora,
até alcançar a Lua lá fora.
E a Lua-balanço, de brilho macio,
acolheu a pequena num colo gentil.

Balança, balança, pra cá e pra lá,
com vento de estrelas a lhe embalar.
Cada suspiro virava uma flor,
cada sorriso, um raio de cor.

A Lua cantava baixinho, em segredo,
versos tão doces que espantavam o medo.
E Lia dormia, com o coração quentinho,
num céu que cheirava a jasmim e carinho.

E quando a noite quis descansar,
a Lua desceu para Lia deitar.
Colocou-a de volta no lençol florido,
deu-lhe um beijo lunar, suave e comovido.

No céu, o balanço voltou a girar,
esperando outra criança pra ninar.
E quem olhar com ternura e calma,

vai ver a Lua embalar cada alma.

Pois toda criança com sonho e esperança,
pode balançar na Lua que dança.